Estudo da CNA atesta que produtor canavieiro do Nordeste teve um custo total médio de R$ 11,7 mil por hectare na safra 24/25

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou, nesta quinta-feira (14), em João Pessoa (PB), os custos de produção da cana-de-açúcar na região Nordeste, durante o terceiro encontro do Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro. O evento, que reuniu produtores canavieiros e lideranças sindicais e do setor, foi realizado em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa/PB) e a Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan). O estudo mostrou, entre outros dados, que no Nordeste o produtor teve um custo médio total de R$ 11,724,00 por hectare para produção de cana na safra 24/25 e que a escassez de chuva prejudicou o desenvolvimento dos canaviais, resultando em níveis reduzidos de produtividade.
O levantamento apresentado foi resultado de um estudo feito em 16 cidades do país, sendo três no Nordeste – Recife, Maceió e João Pessoa. Os painéis 2025 fazem referência às médias levantadas em todos esses 16 municípios, sendo a safra no Centro/Sul a de 25/26, que compreende entre abril de 2025 e março de 2026, enquanto que no Nordeste a referência foi a safra 24/25, que começou em setembro de 24 e se estendeu até agosto deste ano.
Os dados apresentados mostram uma produtividade no Centro/Sul com redução na casa de dois dígitos, tendo o Nordeste também queda de produtividade, mas com avanço no ATR, tendo João Pessoa apresentado maior produtividade em relação a Maceió e Recife.
Sobre mecanização na colheita, no Centro/Sul 100% da área colhida é mecanizada, com dados relevantes de mecanização também no plantio, enquanto que no Nordeste isso equivale ainda a apenas 1/5 da área total, sobretudo em função da topografia e relevo da região.
Em relação a custos de produção, no Nordeste o produtor teve um custo operacional efetivo – colheita, parte administrativa e capital de giro – equivalente a R$ 7.200 por hectare, porém quando se associa a outros custos de produção, incluindo a remuneração da terra e do capital investido, esse valor chega a um total final médio de R$ 11.724 por hectare para o cultivo da cana-de-açúcar, sendo 15% do custo total desse valor voltado à formação do canavial. Sobre receita, a tendência é que os custos tendem a subir. “O cenário de preços no próximo ciclo do Nordeste deve ser de aumento de custos, preços pressionados e margens ainda mais estreitas”, reiterou Raphael Delloiagono, da Pecege, que apresentou os dados finais do estudo.
Sobre os insumos agrícolas que vêm subindo desde o segundo semestre de 2024, alertou-se para uma redução do uso deles no campo. “Vale salientar que essa ‘economia’ é uma ideia perigosa, porque compromete de maneira mais intensa a produtividade, com impactos diretos no custo de produção por tonelada. A redução de custos no campo não passa pela redução de uso dos insumos, o resultado para melhorar a margem passa por eficiência, e no Nordeste, inevitavelmente, pelo custo da mão de obra que é bastante representativa”, disse Raphael.
O presidente da Federação, Mário Borba, destacou a importância do Projeto Campo Futuro. “O que foi apresentado hoje, sobre custos e mercados interno e externo, é um trabalho de conscientização fundamental para o produtor”, afirmou. O presidente da Asplan, José Inácio reforçou a relevância do levantamento. “Nós sempre trabalhamos em conjunto com a Federação e atuamos em conjunto para somar. A união e esperança sempre devem estar com a gente que atua neste segmento e aqui estamos juntos para ajudar os produtores a melhorarem sua produção e com acesso a esses dados a gente tem uma visão macro deste cenário, podendo se preparar melhor”, afirmou José Inácio.
O presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (UNIDA), Pedro Campos Neto, reforçou a necessidade do produtor conhecer melhor os custos e ter uma visão ampla do negócio para administrar melhor sua propriedade. “A gente costuma dizer que da porteira para fora a gente não tem interferência, mas, da porteira para dentro a ação é nossa e precisamos ter domínio de tudo o que envolve produção para poder administrar da melhor forma possível a propriedade, e conhecer esses dados nos dão um bom norte neste sentido”, afirmou ele.
O presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA, Nelson Pérez Júnior, ressaltou que o levantamento na região Nordeste reforça a importância de comparar realidades regionais para compreender os desafios da produção. “O Campo Futuro é uma ferramenta estratégica para que o produtor conheça seus custos e tome decisões mais assertivas. Entender essas diferenças entre as regiões é fundamental para buscar eficiência e melhorar a rentabilidade do setor”, reforçou ele.
A assessora técnica da CNA, Eduarda Lee Lima, destacou que, no Nordeste, a mão de obra continua sendo um dos principais componentes de custo na cana-de-açúcar, especialmente pela necessidade de plantio e colheita feitos de forma manual em áreas onde o relevo dificulta a mecanização. “Esse cenário reforça a importância das estratégias de gestão para otimizar recursos e buscar maior eficiência, já que o impacto é significativo e tende a se manter elevado enquanto não existirem soluções viáveis para ampliar a mecanização na região”, disse ela.
O evento incluiu ainda palestras sobre gestão de risco e preços de fertilizantes, com Renato Françoso, da Stonex, e sobre custos e rentabilidade da safra, além do cenário da cana no Brasil e no mundo, com outro representante da mesma empresa. No final, todos se confraternizaram durante um coquetel.
Sérgio Martins, Pedro Campos, Mario Borba, José Inácio,Nelson Perez, Nonato Siqueira e Neto Siqueira
Representante da Stonex
Renato Françoso, da Stonex, falou sobre gestão de risco e preço de fertilizantes
Presidente do Sistema FaepaSenarPB, Mário Borba
Presidente da Comissão Nacional de Cana da CNA, Nelson Perez Junior
Presidente da Asplan, José Inácio
Pedro Campos, Mário Borba, Nelson Perez, Neto Siqueira e Nonato Siqueira
Evento de apresentação dos resultados do Campo Futuro aconteceram na sede da Faepa, em João Pessoa
Evento aconteceu no auditório do Sistema FaepaSenar da Paraíba, em João Pessoa
Eduarda Lee Lima, da CNA conduziu os trabalhos
Dirigentes, líideres sindicais e produtores canavieiros participaram do evento da CNA

Apresentação dos trabalhos acomteceu nesta quinta-feora (14), em João Pessoa
Rolar para cima