Reconhecendo a influência que a tecnologia exerce sobre o comportamento e vida da Geração Z (jovens nascidos depois de 1996), Luciana Jeronimo, professora de Português do 4º e 5º anos do colégio GEO Sul e Tambaú, resolveu se debruçar sobre essa temática e estudar o fenômeno na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A professora, que tem licenciatura em Letras, foi aprovada no Mestrado Profissional na área de Linguística, com o projeto “Como a Tecnologia pode favorecer jovens da Geração Z a melhorar o desempenho escolar em Língua Portuguesa”. A mestranda pretende comprovar a eficiência da tecnologia para potencializar em sala de aula o aprendizado da geração “conectada”, que associa a monotonia ao ensino “tradicional”.
Segundo ela, esses jovens são os verdadeiros nativos digitais. Já nasceram cercados de tecnologia, conectam-se e compartilham suas experiências com o mundo todo. A maioria destes jovens, segundo ela, não têm sequer recordação de como era a vida antes da invenção das redes sociais e dos smartphones. Um aluno que ingressou no Ensino Médio agora em 2019, por exemplo, era uma criança de cerca de seis anos quando o primeiro iPhone foi lançado e menos de cinco quando Zuckerberg fundou o Facebook. Então, é preciso “falar a língua deles”.
“Eles estão sempre conectados. A informação é veloz com eles e isso os torna um público insaciável por inovações e dinamismo. Não conseguem ficar parados e isso é até uma limitação para eles porque traz certa dificuldade de concentração numa aula meramente “tradicional”. Eles acham monótona e isso faz com que professores e educadores se preocupem, cada vez mais, em inovar com recursos multimídia”, comentou Luciana, justificando seu projeto
A ideia de estudar o fenômeno surgiu da própria experiência da professora. Durante suas aulas de Português, Luciana percebeu que seus alunos perdiam o interesse facilmente quando ela não trazia para sala de aula alguma ferramenta multimídia e que isso se devia, principalmente, à quantidade sem precedentes de informações disponíveis hoje a todos, à facilidade de acesso a elas e à velocidade da comunicação que a tecnologia tem proporcionado. Ela, portanto, pensou que a maneira como cada geração tende a assimilar conhecimento é diferente e que é preciso desenvolver novas práticas pedagógicas em sala de aula.
“Nas salas de aula do GEO temos o apoio da lousa digital que muitos professores já utilizam. Então, percebi que minhas aulas ficaram mais interessantes quando eu colocava vídeos ou mesmo pedia a participação ativa deles nas pesquisas”, comentou a professora. Luciana conta que uma vez pediu que seus alunos fizessem um vídeo falando sobre algum aspecto da cultura japonesa e que o resultado foi extremamente positivo. “Eles utilizaram justamente a ferramenta que eles dominam, muitos já são blogueirinhos, utilizam canais no youtube, enfim. Teve gente que fez vídeo comendo sushi e falando da culinária japonesa. Foi muito bom”, disse ela.
Para a professora Luciana, que já inicia seu Mestrado em agosto no campus de João Pessoa da UFPB, as características da geração Z precisam ser melhor discutidas no âmbito da Educação e ela pretende fazer isso comprovando a eficiência das tecnologias no aprendizado da língua Portuguesa. Mas, isso não significa substituir o livro didático por recursos tecnológicos. Os recursos multimídia podem ser aproveitados como ferramentas extras para chamar a atenção dos jovens, entrar no mundo deles e encorajá-los a produzir e compartilhar suas próprias criações.
“São jovens que possuem largo acesso à internet, mas essa busca por informações geralmente é para entretenimento. Assim, ao invés de inibir a tecnologia no ambiente escolar, o professor deve ensinar seus alunos a utilizar de forma que ela auxilie em seu processo de aprendizagem, sendo esse um recurso de aproximação do aluno e professor e de melhoramento de assimilação de conhecimento e, por consequência, melhor desempenho escolar”, disse Luciana,
O professor Roberto de Oliveira, diretor do GEO, explica que esse é um movimento interessante que a própria escola já acompanhava com, por exemplo, a instalação de lousas digitais nas salas, mas que é preciso ir adiante em projetos pedagógicos diferenciados. “É imprescindível conhecer e envolver a geração Z no processo de aprendizagem. Sabemos que são jovens altamente conectados e protagonistas de sua aprendizagem, então, devemos falar a mesma língua e potencializar essas habilidades, direcionar a busca pelo conhecimento usando uma ferramenta que já é familiar a todos eles, ou pelo menos, a maior parte deles”, afirma o diretor, ressaltando também a importância do uso dessas ferramentas.