Foi com o objetivo de mostrar aos produtores de cana da Paraíba a importância do planejamento em se tratando de adubação para atingir uma maior eficiência na aplicação de nutrientes, que professor Dr. Emídio Cantídio Almeida, da UFRPE, proferiu palestra na última quarta-feira (04), no auditório da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), em João Pessoa. A palestra, intitulada “Manejo Nutricional em cana-de-açúcar”, abordou a suplementação de adubação via foliar em várias etapas do cultivo. Essa é uma técnica cultural já difundida na agricultura e que se apresenta como a alavanca para se atingir altas produtividades.
O presidente da ASPLAN, José Inácio de Morais, disse que era importante o produtor encontrar novas maneiras de aumentar a produtividade de seus campos. “Temos que melhorar e o bom é que aqui temos sempre um jogo aberto. As usinas, outros produtores, compartilham o que dá certo e também mostram o que não é vantajoso. Tudo isso nos leva a uma unidade em prol do conhecimento, da busca por novas formas para aumentar a nossa produtividade. queremos sair da média de 55 toneladas. Tem gente aí falando já em 100 toneladas”, destacou José Inácio.
Segundo Cantídio, tudo começa com a devida e necessária análise do solo e análise foliar a fim de detectar e corrigir as deficiências apresentadas pela planta. “Antes de comprarem os produtos para realizar a adubação, ou seja, as fórmulas, primeiro faça a análise para saber exatamente de que se precisa. Tem que se cobrar a análise foliar para se fazer o planejamento e não comprar apenas pelo preço. Se for feito assim, vocês não estarão estimulando o crescimento da planta”, iniciou o pesquisador, lembrando também que cada fabricante tem uma técnica e, muitas vezes, dão prioridade a nutrientes diferentes.
Dito isso, o palestrante citou três pilares de um bom planejamento de adubação foliar: a fonte – que diz respeito aos nutrientes importantes de acordo com a análise da planta e do solo e quanto tempo leva para a absorção de cada um deles; a época – que mostra a influencia da radiação durante os meses do ano; e a quantidade – que se refere ao balanço de cada nutriente em cada momento em que vai fazer a suplementação de adubo. Quando à época, Emídio Cantídio apresentou ao público como faz a diferença fazer a suplementação foliar durante os meses também em que se tem pouca iluminação solar, como são os meses de maio até agosto.
“A planta não cresce nos meses de maio, junho, julho e agosto porque a radiação é baixa. As temperaturas e a luminosidade, que são importantes aliados nessa fase, sofrem um decréscimo, então, é importante fazer a suplementação. Assim, temos janeiro e fevereiro, que se faz normalmente. No entanto, temos muita chuva e a planta sofre com a lixiviação”, salientou. “Depois, importante fazer uma suplementação foliar novamente. O ideal é observar sua planta. A partir de março já começa a cair a luminosidade. Após isso, outra, terceira adubação é bom que se faça 45 dias antes da colheita, entre junho e julho do ano seguinte”, explicou o professor, recomendando três suplementações. “Ela precisa ter folhas verdes, colmos novos. Você poderá sair de 8 toneladas para 10 toneladas tranquilamente”, frisou o professor.
Ao final de sua palestra ainda falaram representantes de marcas de fertilizantes. Manuel Arcanjo, por exemplo, da Adama, alertou o produtor de cana para a suscetibilidade de diversas variedades para a ferrugem. “Em Pernambuco, 35% das variedades são frágeis à ferrugem. Na Paraíba, ainda mais, aqui perto dos 50%”, disse ele, que passou a palavra para o engenheiro agrônomo, Marcelo Boschiero, da UnionAgro, que falou sobre a correção de solo em profundidade, evitando a compactação. O evento foi encerrado com um almoço.