O acesso ao crédito seja para ampliação da lavoura, investimento em equipamentos e novos projetos ou mesmo para aquisição de insumos nem sempre é fácil para o produtor rural. E a questão não é a falta de disponibilidade de recursos pelas instituições financeiras, mas as exigências que muitas vezes dificulta o acesso do produtor a bancos que praticam juros e taxas menores. “O Banco do Nordeste, por exemplo, tem taxas muito atrativas para investimentos, em média de 4,5% ao ano, enquanto outras instituições, a exemplo do Banco do Brasil e Bradesco que praticam entre 6,5% a 12%, não têm taxas tão atrativas, mas terminam emprestando mais porque o acesso ao crédito é mais facilitado”, destaca o presidente da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), José Inácio. Recentemente, ele participou de uma vídeo-reunião com representantes do Banco do Nordeste e solicitou que a instituição reveja sua política de acesso a financiamentos.
Durante a reunião online, que debateu a expansão dos financiamentos para o setor de cana-de-açúcar, José Inácio lembrou que um dos maiores custos do produtor é com energia elétrica e que o Banco do Nordeste tem recursos direcionados para investimentos em energia solar, porém o produtor não com segue ter acesso. “A energia é o principal insumo para manter o processo de irrigação tão necessário e essencial para a produtividade da cultura canavieira na região Nordeste e, neste contexto, a energia solar se coloca como uma ótima oportunidade de redução de custos e desenvolvimento do setor, mas o investimento inicial é muito grande e se o produtor não tem acesso aos recursos não consegue avançar neste sentido”, disse José Inácio, lembrando que fora do horário da tarifa verde fica praticamente inviável o uso da energia convencional ou mesmo do óleo diesel para irrigação pelo alto custo que esses insumos representam no custo final da operação.
O presidente da Asplan reiterou que não adianta o Banco do Nordeste ter ótimas taxas, menores que as praticadas por outros bancos, se o produtor não consegue ter acesso aos financiamentos. “O Banco do Nordeste tem disponibilidade de recursos e taxas menores, mas os recursos não chegam na ponta, então o produtor fica sem outra alternativa que não recorrer a outras instituições que praticam taxas maiores”, reiterou ele. “O BB e o Bradesco, por exemplo, têm taxas maiores e financiam mais. Há algo eu precisa ser revisto pelos técnicos do Banco do Nordeste”, disse José Inácio. Os representantes da instituição se comprometeram a identificar onde está esse gargalo e retomar contato com a Asplan que representa, atualmente, cerca de 1.500 associados, entre pequenos, médios e grandes produtores canavieiros. “Nós temos interesse no crédito e o Banco do Nordeste tem as melhores taxas. Fica apenas faltando esse acesso ao banco”, disse José Inácio, adiantado que a conversa começa a surtir efeito, tanto 10 produtores canavieiros já vão pleitear junto ao banco o acesso aos financiamentos.