O governo estadual não tem um plano B para o enfrentamento da estiagem caso as chuvas de final de março e começo de abril não se concretizem. Até agora, as chuvas que caíram não foram suficientes para mudar o volume dos grandes reservatórios paraibanos e diante de um cenário de incerteza hídrica, a conclusão das obras da transposição do Rio São Francisco, prevista para janeiro de 2017, é a solução para garantir o abastecimento de água na Paraíba que entra no quinto ano consecutivo de seca. Esse cenário nada animador foi tema do Tambaú Debates desta quarta-feira (16). O programa ancorado pelo jornalista Josival Pereira contou com a participação do deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar da Água da ALPB, Jeová Campos, do presidente da AESA, João Fernandes e do especialista em Recursos Hídricos, Francisco Sarmento, que debateram sobre o tema ‘Projeto de Transposição’.
Segundo Sarmento, as chuvas que caíram nos últimos meses não foram suficientes para mudar a realidade dos grandes reservatórios paraibanos. Boqueirão, por exemplo, que abastece Campina Grande e região, estava com um volume de 54,6 milhões de metros cúbicos no início de dezembro do ano passado. No último dia 15, tinha baixado para 43 milhões. “Se as chuvas não forem suficientes até abril, vamos passar pelo maior colapso hídrico visto na Paraíba até hoje, onde mais de 1 milhão de pessoas não terão água”, afirmou Sarmento.
Preocupado com a situação, o deputado estadual Jeová Campos, aposta na conclusão das obras da transposição para solução dos problemas hídricos enfrentados pela Paraíba. “Esse cenário só vai ser mudado com chuvas abundantes e com a conclusão das obras da transposição. Como chuva não depende da gente, é a natureza que manda, aposto na transposição. Ela vai sair. Independente desta crise política, 85% da obra está concluída, faltam apenas 15% e isso vai estar pronto no início do ano que vem”, afirmou Jeová. Para ele, é preciso acreditar nisso e continuar exercendo a pressão política necessária para garantir a água da transposição. “O reservatório de Engenheiro Ávidos só tem 14 milhões de metros cúbicos e o consumo de dois meses da cidade de Cajazeiras atinge 7 milhões de metros cúbicos. Se não chover e as águas da transposição não chegarem logo. O que vamos fazer?”, destaca o parlamentar.
Jeová lembra que a vazão do Rio São Francisco é suficiente para abastecer os quatro estados que serão beneficiados com a transposição. “A vazão regularizada por Sobradinho é da ordem de 1,840 metros cúbicos por segundo e o que vai ser retirado para abastecimento humano na transposição não chega a 1,4% dessa vazão regularizada que equivale a 26 metros cúbicos por segundo. Portanto, não há nenhum impacto negativo no Rio São Francisco com essa vazão”, esclarece Jeová.
A Paraíba conta com dois trechos de acesso das águas, na cidade de Monte Horebe, no Sertão e na cidade de Monteiro, no Cariri. No eixo Leste, são 34 quilômetros de transposição da cidade de Custódia, em Pernambuco, até a cidade Monteiro. Já no eixo Norte, o canal que liga as cidades de Cabrobó, no Sertão pernambucano, e Monte Horebe, São José de Piranhas e Cajazeiras tem 81 quilômetros. No eixo Leste, a água da transposição passará pelos rios do Cariri e Agreste enchendo o açude Poções, em Monteiro, Epitácio Pessoa, em Boqueirão, e a barragem de Acauã, em Itatuba. A água chegará por meio de canais e túneis subterrâneos. No eixo Norte, a água chegará na Paraíba pela barragem de Caiçara e seguirá para o açude Engenheiro Ávidos, em Cajazeiras e, em seguida, para o açude São Gonçalo e Rio Piranhas, chegando ao estado do Rio Grande do Norte, onde terá outras distribuições. Em todo o Nordeste, o projeto de transposição do Rio São Francisco tem cerca de 477 quilômetros, atingindo 27 reservatórios, 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e quatro túneis.