Escolas precisam estar preparadas para encarar os desafios do Novo Ensino Médio

Durante anos, o que se concebia sobre o Ensino Médio era a necessidade de fazer bem feito para realizar uma boa prova de vestibular e ingressar no ensino superior. Isso significava uma relação vertical do aluno com a escola, na qual ele aprendia um conjunto pré-estabelecido de disciplinas e alcançava nota para, lá na frente, saber em que área do conhecimento (Saúde, Exatas ou Humanas) ele escolheria seguir no curso de nível superior. Mas, isso está mudando. Desde 2017, quando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi promulgada, as escolas sabiam que teriam até 2022 para implantar o Novo Ensino Médio, que altera essa educação de modo a fortalecer o projeto de vida do estudante e o seu protagonismo para construção de conhecimento. “A aprendizagem vai muito além de um processo de acumulação e nós já enxergávamos isso e estamos prontos para 2022”, destaca a diretora geral do Colégio AZ João Pessoa, Veronica Monteiro.

Desenvolver a autonomia e protagonismo dos estudantes é uma das funções da nova escola e isso nem sempre foi fácil no Ensino Médio, explica Veronica, lembrando que sempre que se pensava em mudanças se esbarrava na necessidade de preparar para uma prova de vestibular. “Então, o Conselho Nacional de Educação vem avaliando isso há tempos e assim criaram estratégias com foco diferente. Achavam, por exemplo, que com o ENEM, uma prova contextualizada, reflexiva, a escola mudaria, mas isso não aconteceu”, relembra Verônica, justificando o contexto de mudança.

Por isso, o Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Nacional “mexeram” nas áreas do conhecimento – Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias. A proposta é ter uma base de componentes curriculares gerais e outra parte de itinerários formativos. A proposta é que os estudantes possam escolher em qual área querem aprofundar seus conhecimentos ao longo do Ensino Médio.

“A base geral composta pelos componentes curriculares não aprofunda o indivíduo social, formador, crítico, com uma formação holística, humana, de conhecimento geral de mundo. Com a formalização da nova proposta, o estudante passa a ser um agente ativo na construção do conhecimento e não apenas um receptor de informações, a BNCC propôs um olhar especial ao projeto de vida de forma individualizada, promovendo um ensino mais dialógico, capaz de atender às demandas dos jovens e tornando-os melhor preparados para lidar com os desafios da atualidade”, afirma a diretora do AZ.

Verônica explica ainda que esse é um movimento de mudança de modelo mental. “Através das competências e habilidades sinalizadas nas normativas da BNCC, o aluno precisa sair do Novo Ensino Médio com fundamentos de formação humana, comportamental e social. Para isso, entra o currículo socioemocional e saímos da aprendizagem e ensino de memorização, de só intelectualidade e aquisição de conhecimento. Vamos então para uma formação inteira, mais completa, que prepara o aluno para o mercado que ele vai encontrar e que valoriza o humano como protagonista e não mais a empresa”, reforça Veronica.

Como exemplo, a diretora citou o caso de alguém que vai optar pela Medicina. Ela destacou que ao médico será exigido, por exemplo, uma visão mais holística de sua atividade. “Qual o seu projeto de vida na Medicina? Ele vai entender logo cedo que faz parte de um mundo globalizado. Como eu trato isso e como me vejo nisso tudo? A ideia é desenvolver uma autoconfiança para estar e se relacionar dentro deste contexto. Nossas gerações não foram preparadas para isso. Muitas empresas estão tendo dificuldade com isso e estamos tendo que ampliar essa visão de mundo desses jovens hoje”, reforça Veronica.

A nova abordagem, segundo a diretora geral do AZ João Pessoa, possibilita aos jovens a ideia de que o mercado está para além de uma formação específica. Na Medicina, por exemplo, ela frisou que o médico, em breve, precisará rever seu papel na sociedade. “Num futuro próximo, o individuo vai poder se auto avaliar em algumas situações. Um bom exemplo da nova geração de médicos é uma profissional que levou a música para estudar pacientes com Alzheimer e depois escreveu um livro. Esta é uma profissional com uma visão mais ampla e é isso que esse novo Ensino Médio quer estimular”, avaliou.

Na prática, portanto, o Novo Ensino Médio têm o objetivo de aprofundar as aprendizagens, consolidar a formação integral dos estudantes, promover a incorporação de valores universais, como a ética, e desenvolver habilidades que permitam que os alunos sejam capazes de tomar decisões dentro e fora da escola. No AZ, alguns itinerários nesse contexto já estão consolidados em forma de mini cursos que preparam o aluno para as demandas do mercado de trabalho. São eles: Ciências e Saúde; Empreendedorismo (startups) e Visão de Mundo (para quem quer ampliar horizontes).

Minicursos AZ

Na escola, os minicursos serão implantados nos 1º anos, a partir de 2022, com 60 horas/aula no primeiro semestre e mais 60 horas/aula no segundo semestre, podendo o aluno mudar de curso no decorrer do ano sem problema algum. Além dos minicursos, os alunos terão mais 60 horas/aula de projeto de vida, ou seja, do projeto sociemocional. “No AZ começamos a educação socioemocional com o My Life, com os pequenininhos, mas vamos até o Ensino Médio com o projeto de vida ensinando sobre autocontrole, conflitos e afetos e a sociedade. O objetivo é fazer o aluno se enxergar no todo. Escolho uma graduação. Mas, qual o projeto de vida com minha profissão no futuro? Muitas pessoas não deram certo em suas profissões porque não se localizaram no mundo e no seu projeto de vida”, reitera a diretora geral do AZ João Pessoa.

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