Renda dos produtores de cana-de-açúcar do Nordeste cai em função do baixo preço pago pela tonelada da matéria-prima

O preço da tonelada de cana-de-açúcar no Nordeste, atualmente, caiu a níveis críticos o que está preocupando os produtores da região que vêm sua renda incompatível com os custos da lavoura. O valor médio pago pela tonelada da matéria-prima entre os meses de agosto e outubro foi de apenas R$ 86,00, valor bem inferior ao da safra 2016/2017 onde o preço pago chegou a R$ 102,00. A expectativa do setor era de um preço melhor, mas a grande oferta de etanol na atual safra puxou os preços para baixo

O presidente da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), José Inácio de Morais, está preocupado com essa situação. “O valor pago, atualmente, pelo preço da tonelada de cana não remunera o produtor e não há alternativa viável para o produtor nordestino se não a cultura canavieira, porque o solo não é propício para grãos e fruticultura só dá em perímetro irrigado, o que necessita de um alto investimento em projetos de irrigação”, afirma o dirigente canavieiro.

Ainda de acordo com José Inácio, a saída para reverter a situação é aumentar a produtividade do canavial que também está abaixo do mínimo necessário para melhor remunerar quem planta cana. “O produtor precisa tirar o mínimo de 60 toneladas por hectare plantado para ter uma remuneração razoável, mas, a média que se observa hoje é de pouco mais de 50 toneladas”, destaca o dirigente canavieiro, lembrando que o aumento da produtividade passa, necessariamente, por investimentos em sistema de irrigação e em nutrição do solo, o que também requer altos investimentos por parte do produtor que recebe sua remuneração em moeda nacional, mas tem que arcar com custos de produtos importados, cujos valores são atrelados ao dólar americano.

“De fato, o produtor canavieiro é antes de tudo um forte e a cana-de-açúcar, mesmo tendo oscilações de remuneração, é a única cultura que resistiu ao tempo na região e atravessou séculos, desde o descobrimento do Brasil, sendo o principal sustentáculo econômico e social da região”, finaliza José Inácio, lembrando que uma das principais características da cultura canavieira é passar de geração a geração. Ele próprio é bisneto e neto de senhor de engenhos e seu filho, Inácinho, segue o mesmo caminho do pai e de seus ancestrais, tendo se formado em Agronomia e já atuando junto às propriedades da família no cultivo da cana e de outros negócios.

Rolar para cima