Nesta quinta-feira (25), José Hugo Félix Lins, completaria 16 anos. No auge da mocidade ele tinha sonhos, era aluno do 9º ano da escola João Batista Campos, no Bom Jesus, distrito de São José de Piranhas, alimentava a esperança de ganhar o mundo, de ampliar horizontes além da cerca do sítio onde morava, ser alguém na vida quando crescesse. Seus pais, Jeová Lins e Maria Luiza Félix Lins, também viam seu filho crescer bonito, forte, destemido e alegre e também planejavam um futuro feliz para ele. Mas, ao invés de bolo e comemoração, esse 25 de fevereiro ficou marcado pela tristeza e lamento, além de um dor que não há descrição que a simbolize. Infelizmente, o jovem José Hugo, engrossou as estatísticas de vítimas da Covid e faleceu no dia de seu aniversário, em Cajazeiras. “Esse vírus que ignora o amor, que não tem compaixão, nem distinção de idade, raça, condição social deixa órfãos pais e filhos, acaba famílias, interrompe vidas sem a menor cerimônia. O que dizer para atenuar a tristeza de Jeová Lins, meu primo-irmão e de Maria Luiza, a mãe de José Hugo. Nem sei o que falar, a garganta engasga só de pensar em tamanha dor”, disse hoje (26), o deputado Jeová Campos, ao lamentar a morte do adolescente.
A morte por Covid é ainda mais cruel que por outras doenças, reitera Jeová, pois ela nos nega até a despedida do ente querido. “Ao ver a filmagem de Jeová Lins acompanhando solitariamente o carro que levava o corpo do filho, passa um filme na nossa cabeça. O do quanto somos frágeis e pequenos diante dos desígnios de Deus e o quanto essa doença é terrível e cruel”, afirma Jeová, questionando porque ainda há tanta gente que insiste em ignorar essa pandemia. “Não é brincadeira não. Está morrendo gente de todas as idades, com e sem comorbidades, gente pobre, gente rica, pois a manifestação do vírus é uma incógnita e ninguém sabe ao certo como o organismo vai reagir diante da doença, então, só nos resta se proteger e esperar pela imunização através da vacinação”, alerta o parlamentar lembrando ainda que as medidas preventivas de uso da máscara, do álcool em gel, de evitar aglomerações.
Sobre o caso de José Hugo
Ainda muito abalada, a família de José Hugo tenta entender a rapidez com que a doença o levou ao óbito e questiona até uma possível negligência médica. No último domingo, ele foi levado a UPA de Cajazeiras e depois da consulta foi liberado pelo médico para ir para casa. Na terça-feira, como o caso se agravava, ele voltou para a UPA com um exame de sangue que mostrava um PCR de 239, quando o normal é em torno de 6, mas, mesmo assim foi liberado para retornar para casa. A médica da UPA indicou para fazer o exame de Covid, mas, a coleta não foi feita na UPA, apesar dos sintomas que ele apresentava serem um indicativo de coronavírus. Mais uma vez, ele foi liberado, retornando depois para a UPA que, com o agravamento do quadro e após um Raio X, foi transferido na quarta-feira à tarde para o Hospital de Cajazeiras, com indicação de cirurgia no estômago, mas, foi a óbito poucas horas depois. “Diante disso tudo, penso que meu filho não teve a assistência que poderia tê-lo salvo, mas entrego a Deus a minha dor, na esperança que ele possa confortar meu coração que está dilacerado”, afirma Jeová Lins, o pai de José Hugo que comoveu muita gente num vídeo que viralizou na internet, ao acompanhar solitariamente o carro que levava o corpo de seu filho para o sepultamento.