Para o parlamentar, Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, fez um discurso antijurídico e fora de ordem
O deputado Jeová Campos (PSB) aproveitou o pequeno expediente na ALPB na manhã desta quinta-feira (31) e fez duras críticas às colocações do Sr. Miguel Reale Júnior, que deu depoimento, na noite desta quarta-feira (30), na Comissão que conduz o impeachment da presidente Dilma na Câmara, e disse que em nenhum momento ele fez uma fala científica do ponto de vista jurídico. “Lamentei profundamente ver o filho do grande jurista Miguel Reale, de imenso saber jurídico e inteligência, do qual sou discípulo, fazer um depoimento tão antijurídico, tão fora de ordem. Seu pai deve ter estremecido no túmulo ontem à noite”, disse Jeová.
Em nenhum momento, segundo o deputado, durante seu depoimento, Miguel Reale Júnior, disse qual foi o crime de responsabilidade praticado pela presidenta Dilma Rousseff e só falou de superávit fiscal. “Ele parecia um banqueiro falando e como jurista, autor do projeto de impeachment, teria o dever de dizer qual foi o fato criminoso praticado por Dilma. Aprendi com Miguel Reale pai, que o fato é a razão de ser do Direito e que o Direito nasce do fato e ao fato se destina. Quais são os fatos que estão imputando a presidente para pedirem seu afastamento?”, questionou o parlamentar.
Jeová lembrou ainda que o segundo mandato de Dilma começou em janeiro de 2015 e as contas da presidente da república, referente ao ano de 2015, nem sequer foram apreciadas pelo TCU. “O mandato que começou em 2011 terminou em 2014. O mandato que a presidente exerce agora começou em 1º de janeiro de 2015. Qual a prática criminosa que justifique tirá-la da presidência? Eu fico aqui me perguntando. Qual é a razão se não for um golpe?”, disse Jeová, lembrando os 52 anos do golpe militar de 1964, que aconteceu no dia 31 de março. O deputado encerrou seu discurso convidando a população para participar do ato político/cultural que será realizado na tarde desta quarta-feira, em João Pessoa, contra o golpe e em defesa do Estado Democrático de Direito.