“Esse orçamento paralelo montado pelo governo de Bolsonaro em troca de apoio da base aliada no Congresso é uma vergonha. Quando, num passado recente, a presidente Dilma mandou patrol, carro-pipa, caçambas, retroescavadeiras e tratores, o fez para todos os municípios que pleitearam os equipamentos. Ela não mandou para um município que um deputado pediu”, disse o deputado estadual Jeová Campos. A fala do deputado ocorreu durante sessão remota da ALPB, na manhã desta terça-feira (11) e se referia a denúncias de que existe um orçamento paralelo no governo que prevê um total de R$ 3 bilhões para serviços de obras e compras de tratores e máquinas agrícolas indicados por um grupo escolhido a dedo de deputados e senadores que apoiam Bolsonaro. Do total de repasses previstos, R$ 271,8 milhões foram destinados à aquisição de máquinas pesadas por preços até 259% acima dos valores da tabela de referência do governo válida para 2021. Por isso o esquema foi chamado também de “tratoraço”.
Para Jeová, o que está acontecendo é nada mais que um artifício de Bolsonaro para comprar os integrantes do Centrão. “Isso é a utilização política eleitoral de um Programa que é importante para a Agricultura, que precisa destes tratores, mas esses veículos não podem ser enviados apenas para os municípios dos deputados da base do governo, como moeda de troca. Se fosse emenda parlamentar de um deputado, não teria problema, pois ele estaria fazendo um gesto político com sua emenda, mas, alocar R$ 3 bilhões do Ministério do Desenvolvimento Regional para fazer uma moeda política em troca de apoio ao governo é utilizar dinheiro público com interesse particular e isso é inadmissível”, destacou o parlamentar paraibano, lembrando que esses R$ 3 bilhões do ‘Bolsolão’, como está sendo também apelidado o esquema, bem que poderia ter sido destinado para a compra de 40 milhões de doses de vacina contra a Covid.
“O Governo não comprou vacinas e hoje está correndo atrás de um prejuízo que custou a vida de mais de 400 mil brasileiros, disse que não vai realizar o censo demográfico por falta de recursos, mas destina R$ 3 bilhões para ‘comprar’ os parlamentares federais. Isso é um escândalo de grandes proporções. O uso do dinheiro público para montar uma base de apoio no Congresso Nacional é uma vergonha e uma afronta para as famílias que perderam seus entes queridos nesta pandemia quando muitos poderiam ter sido salvos se as vacinas tivessem chegado antes”, lamentou Jeová.