Não são apenas os industriais do setor sucroalcooleiro do país e, especialmente, do Nordeste, que serão os mais prejudicados com a elevação do volume de etanol dentro de uma cota livre da cobrança de tarifa de importação dos EUA, que estão questionando o Governo Federal sobre essa decisão de não apenas manter a cota de importação, como ampliá-la de 600 milhões de litros anuais, para 750 milhões de litros por ano sem cobrança. Alguns parlamentares também estão se contrapondo a essa decisão. É o caso do deputado federal pela Paraíba, Efraim Filho (DEM). “Com essa decisão, a indústria brasileira sofrerá um duro golpe e, principalmente, o Nordeste para onde a maior parte desse álcool será destinada”, argumenta o parlamentar.
Nesta quarta-feira (04), o parlamentar se reuniu com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para solicitar dela uma intermediação junto ao governo para buscar uma alternativa que minimizasse os prejuízos que a indústria nacional terá com essa medida. Segundo Efraim Filho, a expectativa do setor era de que o governo federal acabasse em definitivo com a cota ou mantivesse o acordo nos níveis atuais, fortalecendo, assim, a indústria nacional. “Conversei com vários representantes do setor, que estão convocando suas bancadas em Brasília, e eles disseram que ficaram surpresos com a decisão do governo em ampliar a cota e como conheço a importância deste setor para o equilíbrio econômico da região Nordeste, tomei a iniciativa de me reunir com a ministra e ser um dos interlocutores do setor para buscar uma saída que amenize os impactos negativos desta decisão”, justifica o parlamentar.
Para o presidente da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), o aumento da cota para importação de etanol sem tarifa é uma forma do governo brasileiro fortalecer a parceria Brasil-Estados Unidos aos olhos do presidente Donald Trump, mas, foi uma medida desastrosa para a indústria nacional e que afetará muito o setor no Nordeste. “Ao ampliar essa cota, o presidente, automaticamente, fragilizou a indústria nacional, geradora de emprego e renda no país, especialmente, no Nordeste, onde o setor sucroenergético ocupa destacado papel econômico. É preciso que o governo pense em alguma alternativa que minimize os estragos causados não apena com a manutenção, mas, com a ampliação da cota”, afirma José Inácio.
O dirigente da Asplan lembra que a cota para importação de etanol livre de tarifa foi criada pelo governo brasileiro, em 2017, como uma forma de atender a um pleito das usinas da região Norte-Nordeste. “Nosso biocombustível perdia espaço de mercado frente ao grande volume importado dos Estados Unidos. O que vai voltar a ocorrer com esse aumento do volume de importação com subsidio”, reitera José Inácio. Para ele, o livre mercado proposto pelos americanos tem que ser uma via de mão dupla. “Eles pedem para zerar as cotas da alíquota de importação de etanol e que tal se eles fizessem o mesmo com o açúcar brasileiro?”, sugere José Inácio.
Segundo divulgou a Imprensa, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tinha se manifestado favorável a renovação da cota, por até um ano, mas queria discutir contrapartidas com os americanos. Em conversa com o secretário do Departamento de Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, a ministra pediu que Washington aceite comprar mais açúcar do Brasil, dobrando a atual cota de 150 mil toneladas anuais de açúcar destinada ao Brasil. Até agora, somente os americanos lucraram com essa decisão.