Desembargador Siro Darlan enaltece suas raízes nordestinas e compromisso com a inclusão durante solenidade em sua homenagem

Magistrado, que é natural de Cajazeiras e preside a Sétima Câmara Criminal do Rio de Janeiro, recebeu as mais altas honrarias da ALPB e da Câmara de Cajazeiras

 

A sessão solene conjunta realizada pela Assembleia Legislativa da Paraíba e Câmara Municipal de Cajazeiras, na manhã desta sexta-feira (26), para entregar a Medalha Presidente Epitácio Pessoa e a Medalha João Bosco Braga Barreto, respectivamente, ao desembargador cajazeirense radicado no Rio de Janeiro, Siro Darlan de Oliveira, enalteceu a trajetória deste paraibano que apesar de ter deixado sua terra natal ainda criança, nunca se distanciou de suas origens nordestinas. A propositura da ALPB foi do deputado estadual Jeová Campos (PSB) e da Câmara, do vereador Alysson Voz e Violão. O magistrado estava acompanhado de sua esposa, a arquiteta Heloisa Couto que, na ocasião, recebeu um buquê de flores da vereadora Léa Silva e da juíza e diretora do Fórum, Adriana Lins. “Saio daqui carregado de tanta emoção e realimentado do DNA do povo sertanejo e também como devedor por ter recebido essas homenagens tão significativas na minha vida e com a responsabilidade de lutar cada vez mais para merecê-las”, disse o desembargador no encerramento das homenagens.

“Preparem seus corações, para as coisas que eu vou contar, porque eu venho aqui do sertão e posso não agradar. E eu não vim para agradar. Eu vim porque ostento na minha bandeira a palavra NEGO, porque eu vim para dizer não as injustiças, eu vim para dizer não ao desrespeito ao direito de nossos semelhantes, porque eu aprendi a dizer não. Quando eu sai daqui do Nordeste, eu aprendi a dizer não a miséria, a fome e a discriminação e fui conduzido por uma brava mulher, forte, guerreira, sertaneja, a minha mãe, que teve a coragem de carregar quatro filhos no colo, e com ajuda de sua irmã, Anita Rolim, nos levou para o Rio de Janeiro, onde eu recebi o apoio e aconchego”, disse Siro, discorrendo em seguida sobre a oportunidade que recebeu dos frades e das lições e formação para a vida toda que recebeu do colégio Santo Agostinho.

O homenageado falou da responsabilidade ao ser condecorado com tantas honrarias. Referindo-se a homenagem da ALPB, proposta pelo deputado Jeová Campos, ele disse: “Vossa Excelência não foi justo comigo, porque eu não sou merecedor desta medalha, vossa excelência exagerou, e olha que vossa excelência não é um distribuidor de medalhas, vossa excelência escolhe a dedo, e eu agora me sinto com uma responsabilidade muito maior para merecer essa medalha, para fazer com que vossa excelência seja, efetivamente, um parlamentar justo, como o é, com suas defesas de causas sociais, a exemplo do trabalho Frente Parlamentar das Águas, que levanta a bandeira do povo sertanejo, e ainda traz para a Paraíba o debate sobre a democracia tão rasgada, tão violentada nos tempos atuais em nosso país. Vossa excelência tem a coragem de levantar essa bandeira e faz com que eu ostente no peito a medalha Epitácio Pessoa, quanta responsabilidade ostentar essa medalha a partir de agora, a maior honraria do Estado da Paraíba”. Em seguida, o homenageado discorreu sobre o papel e importância histórica de Epitácio Pessoa.

Já ao agradecer a homenagem da Câmara, Siro Darlan, destacou: “Receber e colocar no peito uma medalha com um nome deste advogado, deste político, deste honrado homem cajazeirense, João Bosco Braga Barreto, me enche de responsabilidade, saber que ele tinha o mesmo compromisso que nós temos hoje, deputado Jeová Campos, com os excluídos, porque nós conhecemos a exclusão, temos na nossa pele, no nosso DNA esse pecado da exclusão, que a nossa constituição expressamente proíbe, que qualquer pessoa seja discriminado, e o nosso bravo João Bosco Barreto, ele nos antecedeu nessa trincheira, lutando pela inclusão, portanto, é de uma responsabilidade muito grande, receber e ostentar no peito essa medalha com essa medalha”.

Referindo-se a sua atuação como representante da Lei, o desembargador discorreu sobre o seu compromisso com um justiça inclusiva e as causas sociais, especialmente, com a criança e adolescentes. “Eu sou magistrado há 35 anos, tenho mais da metade de minha vida como magistrado, e me dedico à causa da Justiça e se escolhi a causa da criança e do adolescente é porque os considero os mais excluídos de todos, porque experimentei na minha própria pele, no meu próprio DNA, o que é viver na miséria, na fome, o que é não ter os seus direitos fundamentais respeitados, e isso nos fortalece”, disse Siro, enfatizando a importância de se assegurar direitos fundamentais a essa parcela da população, com uma política positiva de efetivação dos direitos da criança e do adolescente.

Visivelmente emocionado, o deputado Jeová Campos, falou da sua satisfação de ter sugerido a outorga da medalha Epitácio Pessoa a dois grandes humanistas paraibanos, sendo o primeiro deles, no primeiro mandato na ALPB. “Uma mãe conduzir seus filhos para o Rio de Janeiro, ter um deles magistrado, que assumiu compromisso não com a toga, mas com a justiça social, que incorporou o sentimento da inclusão, um magistrado que cuida de quem não é cuidado. Esse é o nosso homenageado, um cidadão que honra as oportunidades que a vida lhe proporcionou. Não sou afeito a outorga de medalhas, mas abri uma exceção no primeiro mandato de deputado, sugerindo a homenagem a Robson Cananéa, que acolhia advogados jovens, como eu, em principio de carreira, sem fazer distinção. E agora, para esse grande cidadão que muito honra a Justiça brasileira, com posições firmes, coerentes, inclusivas e, sobretudo, democráticas e que, por acaso do destino, é cajazeirense. Um nordestino que se orgulha de suas raízes, um humanista que nos inspira”, justificou o parlamentar. O deputado Janduhy Carneiro também prestigiou a solenidade.

 

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