Estarrecido em ver pessoas a favor da volta da ditadura militar e de manifestações pró-Bolsonaro, o deputado estadual Jeová Campos exibiu um vídeo durante a sessão desta quarta-feira (11), na ALPB, com uma entrevista do educador Paulo Freire. No vídeo, o Patrono da Educação Brasileira narra o motivo porque foi preso e perseguido pela ditadura militar e expressa sua esperança de que o Brasil nunca mais passe por isso.
“Nos tempos atuais, quando a gente se depara com pessoas querendo ressuscitar a ditadura militar, quando vemos propagandas dando vivas a Bolsonaro, eu precisava trazer esse depoimento de Paulo Freire para que nos pudéssemos colocar a nossa contraposição e alertar as pessoas para o risco de se perder a liberdade”, destacou o parlamentar.
No vídeo, Paulo Freire esclarece que quando foi preso estava desenvolvendo um programa de Alfabetização de Adultos para o Brasil. “Eu fui preso por causa disso e me lembro que quando eu fui para o exílio e depois quando comecei a discutir na América Latina, na Europa e nos EUA as razões pelas quais eu fui preso, fui expulso da universidade, as pessoas não entendiam, mas eu fui preso, exilado por causa da ditadura militar de 64 que não só considerou, mas disse por escrito, que eu era um perigoso subversivo internacional, um inimigo do povo brasileiro e um inimigo de Deus e ainda arranjaram essa carga para mim que era ser inimigo de Deus”, disse Paulo Freire.
Em outro trecho da entrevista, o autor de Pedagogia do Oprimido, lembrou que a ditadura estragou o Brasil durante muito tempo. “Evidentemente que a ditadura não inaugurou o autoritarismo no Brasil porque isso está entranhado na natureza de nossa sociedade, o Brasil foi inventado autoritariamente, mas os militares deram uma indiscutível contribuição ao autoritarismo, porque eles ajudaram muito a crescer a violência, a mentira, a tortura e isso foi uma coisa trágica”, destacou Paulo Freire.
No vídeo exibido por Jeová, o educador manifestou a vontade de nunca mais ver o país voltar ao regime militar. “Esse período de ditadura militar no Brasil não deve voltar jamais. Desejo que jamais ela se reinvente. O meu gosto é que nós todos, brasileiros e brasileiras, meninos e meninas, jovens e adultos, velhos e maduros, que nós todos tomemos um tal gosto pela liberdade, pela presença no mundo, pela pergunta, pela criatividade, pela ação, pela denúncia, que jamais seja possível no Brasil a gente voltar aquela experiência do pesado silêncio sobre nós”, destacou Paulo Freire.