Este último domingo (07) foi atípico na Maternidade Dr. Peregrino Filho, de Patos. Isto porque, pela primeira vez na história da unidade, foi formada uma força-tarefa, que incluiu até um helicóptero, do serviço de aéreo transporte do estado do Ceará para levar um bebê em segurança para o Hospital do Coração, na cidade de Messejana, no distrito de Fortaleza (CE). A recém-nascida não nasceu em Patos, mas, na cidade de Aurora, e foi regulado inicialmente para Cajazeiras e depois para a Maternidade Peregrino Filho, em Patos onde permaneceu durante 17 dias sob os cuidados da equipe da UTI Neonatal da unidade com apoio da Rede Cuidar da Paraíba. A pequena Laiara Feliciano da Silva, filha de Keliane França Feliciano, apresentou uma complicação cardíaca poucos dias após seu nascimento.
“Nós acolhemos a recém-nascida durante 17 dias até este domingo quando conseguimos regulá-la para o estado de origem. Ela chegou a nossa unidade com suspeita de cardiopatia do canal dependente, uma condição que requer administração de pouco oxigênio, assim como uso de prostaglandina para manter a permeabilidade do canal arterial do RN. A suspeita confirmou-se através da realização do ecocardiograma de triagem realizado pela equipe da neonatologia e procedeu-se o acolhimento às demanda clínicas inerentes à patologia”, explica a diretora geral da Maternidade de Patos, Railda Gomes. Ela lembra que a RN foi colocada em ambas as regulações, a da Paraíba e do seu estado de origem, o Ceará.
Railda destaca que a transferência do bebê envolveu esforços conjuntos de muitas equipes, principalmente, do Núcleo Interno de Regulação (NIR) da Maternidade Peregrino Filho, juntamente com Dra. Vandezita chefe da Neonatologia da unidade, que buscou incansavelmente essa vaga. “Nos unimos e no final deu tudo certo e a bebê de Keliane França Feliciano foi transportada com segurança para Messejana, onde dará prosseguimento aos cuidados da cardiologia pediátrica. Desejamos muito sucesso em seu tratamento e que Deus a abençoe e aos seus pais nesta sua caminhada pela saúde”, complementa Railda, destacando que a força-tarefa contou ainda com a participação do Corpo de Bombeiros, SAMU, Serviços de Regulação Estadual e Núcleo Interno de Regulação NIR, Secretarias de Saúde, Serviço de Transporte Aéreo entre outros, sob a coordenação da Rede Cuidar, da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES).
Sobre a cardiopatia do RN
Laiara Feliciano da Silva, que neste domingo completou 26 dias de nascida, foi diagnosticada com cardiopatia do canal dependente, ou seja, uma condição que requer administração de pouco oxigênio. “Essa é uma cardiopatia complexa, na qual a artéria pulmonar que leva o sangue para os pulmões oxigenar não se desenvolveu. E o fluxo que vai para os pulmões depende de uma estrutura que se chama CANAL ARTERIAL, que nesse momento inicial deixamos com medicações para não fechar. Mas temos que fazer o fluxo definitivo para os pulmões, é isso se dá através de intervenção cirúrgica ou cateterismo”, afirma a responsável pela equipe de Neonatologia da Maternidade Dr. Peregrino Filho, Dra Vandezita Dantas Mazarro, que foi quem esteve à frente de todo o caso desde a acolhida da RN até a transferência neste domingo.
“Esse recém-nascido precisava de um suporte especializado na área da cardiologia. Acionamos as referências na área, tanto na Paraíba como no Ceará, para potencializar e agilizar o tratamento urgente. E o acolhemos com os cuidados necessários durante sua permanência em nossa unidade e de comum acordo, com a família, acionamos o seu estado de origem, para assim dar mais celeridade ao processo de transferência”, destaca a médica, lembrando que a Maternidade Dr. Peregrino Filho, de Patos faz parte da Rede Cuidar Paraíba, que integra as maternidades públicas de todo estado. A Rede funciona, em tempo integral, durante todo o ano e tem como um de seus principais objetivos a busca ativa de crianças com cardiopatias que, ao serem diagnosticadas com problemas, passam a receber tratamento especializado, inclusive com acesso a procedimento cirúrgico, quando necessário.
A pediatra Emmanuelle Lira, que estava de plantão, na Peregrino, na hora da transferência, ficou emocionada por estar participando do processo de transferência. “A nossa Rede Cuidar não mediu esforços para melhorar a saúde deste recém-nascido. Agora, espero que continue tendo o mesmo cuidado para crescer saudável”, declarou a médica.
Depoimento da mãe
Para a mãe da RN, Keliane França, fica o agradecimento por contar com o apoio de muitas pessoas, desde as médicas que diagnosticaram a gravidade do quadro em sua cidade de origem até todos os profissionais que acompanharam sua despedida da Maternidade de Patos. “Primeiro agradeço a Deus por minha filha estar viva e ter tido todo o suporte necessário para sobreviver nestes primeiros dias. Foram tantas pessoas que me ajudaram desde o nascimento dela que nem dá para citar todos aqui”, diz ela, que afirma que na cidade onde a bebê nasceu à pediatra não identificou o problema, chegando a dizer que a bebê dela estava ótima.
Porém, 17 dias após o nascimento, o umbigo da RN continuava sangrando e a mãe resolveu levá-la ao hospital para averiguar. Quando as médicas Dra. Denise e outra que a mãe não lembra o nome começaram a examinar, logo identificaram algo errado pedindo a transferência para Patos, que era o centro mais próximo com capacidade para acolher a bebê com os cuidados que ele necessitava. Antes, porém, a RN passou pelo Hospital de Cajazeiras. “Minha filha foi tão bem cuidada em Patos, eu e meu esposo, que nem tenho palavras para expressar minha gratidão a todos que fazem parte deste grande serviço que é a Maternidade, médicos, enfermeiros, as assistentes sociais enfim, a todos que se uniram para salvá-la. Eles fizeram tudo o que puderam. Minha filha nas mãos de Deus e da equipe da Maternidade foi muito bem cuidada”, afirmou Keliane França.