Asplan participará de reunião que tratará na revitalização das matas ciliares dos rios Gramame e Abiaí degradadas por invasores

A qualidade das águas das bacias hidrográficas dos rios Gramame e Abiaí, no Litoral Sul da Paraíba tem sido objeto de preocupação de diversos órgãos e comunidade científica no estado há mais de 30 anos. Um estudo realizado em janeiro de 2017, por exemplo, revisou as pesquisas anteriores e estabeleceu, que até 2020, “as prioridades para o período serão iniciativas para frear a crise hídrica”. A Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba – Asplan participou de um grupo que custeou as pesquisas junto a órgãos e empresas como Cagepa Coteminas e Giasa que identificou características dos recursos hídricos e das matas ciliares dos rios Gramame e Abiaí e nesta terça-feira (21), na sede do Instituto Federal da Paraíba – IFPB, em João Pessoa, acontecerá uma reunião para debater encaminhamentos e ações para revitalização desses espaços.

Esse estudo, feito por uma equipe de profissionais mestres e doutores das áreas de química, ciências biológicas e geografia da Universidade Federal da Paraíba- UFPB, com a colaboração de outros de profissionais técnicos da SUDEMA, concluiu que os rios vêm recebendo efluentes de diversas atividades industriais e até mesmo esgoto sanitário, sem qualquer tipo de tratamento e isentou os produtores de serem causadores de poluição na área. Além disso, o estudo identificou o uso incorreto do solo às margens dos rios, sendo feito por pessoas que ocuparam indevidamente as áreas e degredaram as principais Áreas de Preservação Permanente (APPs) que agora precisam de restauração.

Antes, acreditava-se que, em função de a área onde se localiza a Bacia do Rio Gramame-Mamuaba ter grande predomínio da cultura da cana-de-açúcar, que seriam os produtores de cana um dos responsáveis pelas atividades mal conduzidas que envolvem ocupação e uso do solo e que levaram a um processo de remobilização e contaminação do sedimento/solo próximo aos rios. No entanto, foi observado que as margens ou as APPs foram invadidas por outras pessoas que degradaram a floresta ciliar que protege as margens dos referidos rios. A reunião desta terça-feira é justamente para tratar da retirada dessas pessoas e do início da reposição ciliar.

“É preciso que comecemos logo esse processo de recomposição, mas, para tanto, é preciso que antes as áreas sejam desocupadas”, comentou o presidente da Asplan, José Inácio, preocupado com a resolução do problema, tendo em vista que as metas foram colocadas para serem cumpridas até o ano de 2020. “Já foi feito o estudo, observou-se que o produtor de cana não é responsável diretamente pela poluição e lixiviação dos rios, mas sim grupos de ocupantes ilegais que se estabeleceram nos locais. Mesmo assim, com a retirada dessas pessoas, os donos das propriedades farão o reflorestamento ciliar de das margens”, explicou José Inácio.

Vale dizer que a área de drenagem da bacia do Gramame é de aproximadamente 589,1 km e o seu principal curso de água é o rio Gramame, com extensão aproximada de 54 km, tendo seus principais afluentes os rios Mumbaba e Mamuaba. Também localizada no litoral sul do estado da Paraíba, a bacia hidrográfica do rio Abiaí possui uma área de drenagem de aproximadamente 449,5 km2, e limita-se a Norte com a bacia do rio Gramame, a Sul e Oeste com o estado de Pernambuco e a Leste com o Oceano Atlântico. O rio Abiaí, principal curso da bacia, possui uma extensão de 28km.

Dentre os apontamentos do estudo, dividido em três partes: Ocupação do Solo – caracterização física e química da água e do sedimento; Fitoplanton do reservatório com ênfase nas cianobactérias; e Estudo do Uso e Ocupação do Solo. O estudo destacou que o prejuízo que a contaminação do rio causou às comunidades ribeirinhas é incomensurável e que precisa de ação reparadora urgente. A grande quantidade de material orgânico lançado através dos efluentes tem sido motivo também de desoxigenação das águas, tornando o ambiente impróprio para a vida aquática. Além disso, as indústrias ali instaladas ainda continuam a despejar seus metais, especialmente Ferro e Alumínio nos rios.

Em resumo as não conformidades dizem respeito, principalmente, ao Oxigênio Dissolvido e concentrações de alguns metais como Alumínio, Ferro, Cobre, Manganês e Chumbo. Além destes parâmetros, há que citar a Turbidez e Coliformes Fecais encontrados nas águas. Este último causado pela ocupação urbana com geração de esgoto doméstico.

Para o presidente da Asplan, José Inácio de Morais, os dados obtidos sobre a qualidade química das águas são suficientes para auxiliar os órgãos competentes na reavaliação do atual quadro. “A Asplan e os produtores de cana em geral sempre estiveram à disposição dos órgãos para tratar da questão que não é simples, até devido á grande ocupação urbana e industrial da região”, destacou o dirigente, confiante que a reunião determinará as próximas ações do grupo de trabalho.

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